O glifosato é um herbicida que surgiu na década de 1970 e tem sido amplamente utilizado na produção agrícola de alimentos para consumo humano. Esse herbicida foi desenvolvido para controlar o crescimento de ervas daninhas em campos agrícolas. Como resultado, surgiram os organismos geneticamente modificados (OGM), que são projetados para resistir à exposição ao glifosato, o que os torna mais resistentes e produtivos para venda.
O glifosato está presente na maioria dos alimentos produzidos e é encontrado no solo e na água destinada ao consumo humano. É importante notar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o glifosato como potencialmente cancerígeno e demonstrado cancerígeno em animais de laboratório.
Além disso, em setembro deste ano (2023), um estudo realizado pela organização Pesticide Action Network e pelo Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia revelou que Portugal tem a maior concentração tóxica de glifosato em cursos de água doce na Europa, com base na coleta de amostras de 12 países diferentes. As amostras em Portugal foram coletadas em Idanha-a-Nova, Rio Douro, Herdade da Fonte Insonsa e na Albufeira da Barragem do Roxo.
O aumento da preocupação de investigadores interessados no impacto ambiental desta informação destaca a importância de debater, observar e agir como cidadãos em relação a este sério problema. Estudos até o momento indicam possíveis efeitos tóxicos, genotóxicos, perturbadores endócrinos e outros efeitos adversos no corpo humano e no equilíbrio do meio ambiente.
Atualmente, todos os OGMs estão sujeitos a uma atenção especial, que inclui análise de risco e rotulagem de acordo com a legislação europeia. No entanto, a indústria de biotecnologia e agroquímicos pressiona para a isenção de produtos geneticamente modificados, alegando que essas técnicas são equivalentes às ocorrências naturais. No entanto, essas afirmações não têm sustentação.
Sabe-se hoje que existem alternativas viáveis para o controle de ervas daninhas na agricultura que não envolvem a aplicação de glifosato ou de qualquer outro herbicida. Práticas agrícolas sustentáveis, como rotação de culturas, culturas de cobertura do solo, uso de palhada vegetal e métodos modernos de controle mecânico ou térmico de ervas daninhas, permitem uma abordagem mais ecológica na agricultura.
As mais de 1600 toneladas de glifosato vendidas anualmente, que são usadas não apenas na agricultura, mas também nas áreas urbanas de norte a sul do país para o controle de ervas daninhas em ruas e caminhos, representam um potencial de contaminação generalizada que até então não tinha sido adequadamente avaliado. Agora, começamos a entender a gravidade desta poluição silenciosa, invisível e possivelmente mortal.
Neste momento está para breve uma nova votação na Comissão Europeia sobre a aprovação de continuação do uso do Glifosato na Europa. Até lá é importante que possamos estar informados e agir em prol do benefício da saúde pública.
Nesse sentido, o EcoAtivo, a Quercus – Castelo Branco, o Prip e a Cova da Beira Converge unem esforços para ações locais concretas onde existe a intenção de avaliação de águas locais, públicas e privadas.
É imprescindível a cooperação da população local e desta forma, pedimos a quem tiver interesse nesta luta comum que preencha o seguinte formulário para que possamos recolher dados para a próxima recolha de água para testagem.
Pela preservação da Cova da Beira, do seu ecossistema e da nossa saúde.
