No mês de Outubro, realizámos uma intervenção detalhada nos nossos sistemas agroflorestais, acompanhados pelo Ruben da PlantaFloresta, o nosso consultor especializado em agricultura sintrópica. A manutenção abrangeu três terrenos específicos: o plot de Abril 2024, o plot de 2022 e o Bosque das Bolotas. A nossa abordagem foi baseada nos princípios da agricultura sintropica, que visa restaurar e fortalecer os ciclos naturais dos ecossistemas através de práticas regenerativas e de alta biodiversidade.
A agricultura sintrópica, desenvolvida por Ernst Götsch, é uma abordagem que se inspira na dinâmica de florestas naturais para criar sistemas agrícolas produtivos e regenerativos. Os princípios centrais incluem a sucessão natural, a estratificação de plantas e a integração da biodiversidade para criar um ambiente de alta resiliência. Neste sentido, o nosso trabalho focou-se em otimizar a sucessão natural e a biomassa disponível, ajustando cada intervenção às necessidades específicas de cada espaço.
Os três terrenos de intervenção:
Plot de Abril de 2024: Este plot foi criado durante o nosso curso de agrofloresta em Abril de 2024, como descrito aqui. Desde a sua implementação, a maior parte das plantas têm demonstrado um crescimento rápido, beneficiando da dinâmica de sucessão acelerada e da acumulação de biomassa no solo. A intervenção focou-se em promover a cooperação entre as espécies garantindo um ambiente propício para o desenvolvimento de cada estrato vegetal.
Plot de 2022: Aqui, enfrentámos o desafio típico de um sistema em fase de transição. Algumas plantas não sobreviveram, deixando lacunas e falhas no sistema, criando espaços que precisavam de ser preenchidos. Elaborámos um re-design do sistema, seguindo o conceito de sucessão natural: removemos espécies que já cumpriram a sua função e introduzimos novas plantas para ocupar os espaços vazios, promovendo a continuidade do processo de sucessão. Baseámo-nos nos padrões observados no campo, ajustando o layout das plantas de acordo com as suas funções ecológicas e os seus papéis no processo de sucessão. A organização espacial foi pensada para maximizar as interações benéficas entre as plantas, garantindo que a biomassa produzida por umas alimente o solo e favoreça o crescimento de outras, assegurando assim a progressão do sistema para estágios de maior complexidade e estabilidade.
Bosque das Bolotas: Tal como o plot de Abril, o Bosque das Bolotas foi criado durante o curso de Agrofloresta em Abril de 2024, sendo um espaço onde se aplica a gestão de sucessão e estratificação. A intervenção focou-se na manutenção das espécies e na gestão da biomassa, para manter a estrutura do sistema estável e saudável. A acumulação de matéria orgânica no solo é fundamental para manter um ambiente de alta fertilidade e retenção de água, princípios centrais na sintropia.


A intervenção de campo foi guiada pelas práticas da agricultura sintropica, com um foco específico na gestão da biomassa, sucessão, e a promoção da diversidade:
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Técnicas de poda: A poda não é apenas uma prática de manejo, mas uma ferramenta sintrópica essencial. Ao podarmos as árvores de fruto (macieiras, diospireiros, pessegueiros, damasqueiros, pereiras, amendoeiras e ameixeiras) e os salgueiros, estimulámos o crescimento vegetativo, aumentámos a quantidade de biomassa disponível para o solo, e melhorámos a entrada de luz nas camadas mais baixas. Isto cria um ambiente mais propício para o crescimento de plantas de diferentes estratos, respeitando a dinâmica de luz e sombra típica das florestas naturais.
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Uso de estacas: Utilizámos estacas de salgueiro e de brugmansia como elementos de propagação e para estabilizar o solo em áreas mais expostas. Estas plantas têm uma capacidade notável de enraizamento, ajudando a reter a humidade e a proteger o solo da erosão, ao mesmo tempo que criam condições para outras espécies se estabelecerem.
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Novas plantações: A introdução de novas plantas após a poda, usando a biomassa gerada, segue o princípio de regeneração rápida do solo. As novas plantações ajudam a cobrir espaços abertos, promovendo a reciclagem de nutrientes e a manutenção de um microclima favorável ao crescimento.
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Intervenção nas trepadeiras: As trepadeiras, como o kiwi e a vinha, cresceram mais rapidamente do que os choupos que lhes serviam de suporte. Como os choupos não conseguiram acompanhar o ritmo de crescimento das trepadeiras, colocámos canas de bambu para que as trepadeiras pudessem continuar o seu desenvolvimento de forma adequada, assegurando que cada planta se integrasse harmoniosamente na dinâmica do sistema.
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Preparação de entrelinhas: A preparação das entrelinhas para as hortícolas e misturas de sementes de inverno, como ervilhaca e aveia, é uma prática que visa manter a cobertura do solo durante os meses mais frios. Isto é crucial para a retenção de humidade, proteção contra a erosão e manutenção da vida microbiana do solo, elementos que são fundamentais para um solo vivo e fértil.











